sábado, 23 de maio de 2009

Assalto na Praça Roosevelt

Fui assaltada. É isso aí. Agora há pouco, sexta-feira, por volta de 1h30 da manhã. Cacetada, parece que a vida fica testando a gente e junta um monte de coisa ruim num mesmo momento. Resultado disso: crise. Mas deixa a crise pra lá...

Tava felizona, tinha ido num show com a Adri no Galharufa, na Praça Roosevelt, e queria mostrar o outro lado da praça pra ela. A rua que contorna a praça estava bombando de gente; lá tem se tornado um pólo cultural que reúne um monte de artistas e nego metido a intelectualóide. E muito nóia também, já que a praça está abandonada.

Fizemos um caminho passando pela frente da igreja e do batalhão da polícia militar. Adivinha onde foi o assalto? Bem na frente do batalhão. O cara chegou junto nervosão. Chutaria que está em começo de carreira. Descrição física? Mulato, gordinho, camiseta branca, jaqueta jeans, calça escura e mochila nas costas. Colou do meu lado: - Passa o celular. Fiquei atordoada, sem saber o que fazer. Com quatro celulares na bolsa: um que era o que eu usava para a Black Rio e ainda não tinha passado todos os contatos para o Nextel (que é o que ele levou e que eu tinha há menos de um mês), o meu antigo da Vivo com zilhões de contatos importantes profissional e pessoalmente (mas que não tinha mais função desde ontem, quando mudei para a Claro) e o celular novo, da operadora nova que eu contratei.

Enfiei a mão na bolsa, meio sem saber o que fazer: qual dos celulares era menos importante? Eu tinha tempo para avaliar isso naquele momento? O cara não mostrou arma, mas sei lá. Minha vida, minha integridade física valem bem mais do que qualquer bem material que eu possa ter. Mas que dá raiva, dá. Ele pediu pra Adri dar o dela também, mas ela estava mais distante dele e disse que não tinha. Ele saiu vazado, quase tão (ou mais) assustado do que nós duas.

Entrei correndo no batalhão da polícia, gritando por socorro. Em poucos minutos, saímos eu, adri e dois policiais numa viatura para caçar o ladrão. Rodamos cerca de uma hora e nada. Deve ter subido no primeiro ônibus que viu. Mas a situação toda me leva a pensar uma série de coisas. Como é que pode rolar roubo atrás de roubo na frente de um batalhão da polícia, em um lugar que tem uma vida cultural super ativa? Soube de alguns outros assaltos na mesma noite. Eu fico com raiva daquele mané que me assaltou que, não me pareceu nem de longe que estava na nóia de droga ou que tivesse alguma prática em assaltos. O cerco fechou e o mano precisa pagar as contas ou, pelo menos alimentar uma família? É isso? E a polícia ia pegar o nego e fazer o que? Encher o cara de porrada? Que caralho de país! Devo ficar com raiva do batedor de carteira que, por sorte não me machucou e levou mais nada meu, ou devo ficar revoltada com a situação caótica de um país que exclui mais e mais as pessoas, deixando uma massa no limbo e privilegiando alguns poucos que tem poder e grana?

Confesso que queria muito reaver meu telefone, ainda mais porque tinha o número de um monte de gente que eu tomava o maior cuidado pra nao vazar: desde meus amigos, minha mãe, meu pai, celebridades do tipo Elza Soares, Chico César, Seu Jorge, Mano Brown, até o secretário executivo do Ministério da Cultura. Vou deitar com a sensação de fazer parte de um sistema que eu odeio com todas as forças. E contra o qual eu luto com as armas que tenho: honestidade, vontade de mudança, fé, união de forças do bem, minha capacidade intelectual, o quarto poder... acho que são poucas minhas ferramentas. Vou dormir (ou pelo menos tentar) com uma tremenda sensação de impotência.

Um comentário:

  1. Ai amiga, que foda, são muitas perguntas. Mas siga com suas armas. Tem que ser esse o caminho. Beijo no coração. Xima

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