domingo, 30 de janeiro de 2011

Especial de Idiomas

Falar bem é principal exigência

Empresas valorizam quem está preparado para discutir projetos e conversar com estrangeiros

MARIANA BERGEL (publicada no caderno especial de Idiomas, na Folha de S.Paulo, em 28 de janeiro de 2011)
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Falar bem em outro idioma é a habilidade que as companhias mais valorizam. "O material didático para empresas enfatiza conversação", diz Marcelo Teixeira, 40, diretor de cursos e de projetos da Manhattan Village.
"A fala se sobressai, pois a maior parte da comunicação com os clientes é falada", afirma Maria Fernanda Ortega, 33, diretora de recursos humanos da Fnac Brasil.
"Atendo clientes em inglês e francês", concorda Nuria Aluz, 21, coordenadora do departamento de vendas da Fnac da avenida Paulista.
Ela acha que falar esses idiomas não foi determinante para ser contratada, e sim para sua ascensão -ela atuou como temporária e consultora de vendas.
Na Bosch, saber dialogar em alemão e inglês -idiomas oficiais da matriz- é importante, especialmente nas áreas técnicas. "A maioria dos centros de engenharia e desenvolvimento de produtos está na Alemanha", diz Fábio Amaral, gerente de recursos humanos corporativos da empresa.
Ele acrescenta que a principal habilidade requerida dos profissionais é a comunicação verbal em outra língua -depois vem a escrita.
Na IBM de Hortolândia (a 105 km de SP), funcionários falam ou escrevem em até oito idiomas para se comunicar com clientes, diz Edson Pereira, executivo de parcerias educacionais da empresa.

BEM-VISTO
O inglês, idioma oficial da companhia, é testado em todos os candidatos a uma vaga. "Muitas vezes admitimos pessoas que não são de TI [tecnologia da informação] porque é mais fácil capacitar um profissional para cargos de entrada em TI do que em idiomas", afirma.
Foi assim que o executivo Carlos Carnelof, 29, entrou na IBM, há sete anos. "Fazia faculdade de fisioterapia e precisava trabalhar. Como gostava de TI e falava bem inglês, fui admitido", lembra.
Ele estima gastar cerca de 80% do tempo no trabalho falando inglês. "Quanto melhor é a comunicação com clientes, com domínio de palavras técnicas e gírias, melhor é o relacionamento com eles. Você é visto como parceiro, e não como alguém que só cumpre função."


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PARA FALAR MELHOR

  Repita em voz alta textos ou diálogos para desenvolver a expressão oral e treinar a pronúncia das palavras
  Escute a língua (em músicas, filmes e noticiários) para se familiarizar com sua sonoridade
  Participe de atividades que estimulem a fala, especialmente com nativos da língua, colegas de classe e professores
  Preste atenção nos sons e na acentuação diferente do idioma estudado

Prêmio Empreendedor Social 2010

Conexões morro-asfalto

Líder comunitário dá voz a moradores de favelas cariocas por meio de uma das maiores ONGs do país

MARIANA BERGEL (publicada na Folha de S.Paulo em 25 de novembro de 2010)
ENVIADA ESPECIAL AO RIO


Nos anos 80, depois de um mês juntando dinheiro, um menino de 12 anos vai comer seu primeiro hambúrguer no McDonald's com um amigo.
No retorno para casa, brincam de chutar portas. Um alarme dispara e surgem policiais por todos os lados. Assustado com o som dos tiros, o menino para de correr.
O amigo foge, mas, vendo o outro apanhar da polícia, volta. "Ele disse que fez isso porque éramos amigos. Eu disse que não teria voltado, e ele falou que essa era a nossa diferença." Desde então, o menino, agora crescido, mudou de atitude. "Até hoje eu volto por todo mundo."
É difícil dissociar José Junior, 42, do AfroReggae, projeto cultural, artístico e social que teve início há 17 anos. Nascido em Ramos, subúrbio do Rio, Junior mudou para a Lapa aos dez anos, com a mãe. "Meu pai bebia muito."
Cursou apenas o ensino fundamental e cresceu em um ambiente boêmio, numa Lapa violenta, cenário de crimes e prostituição.
Ele diz nunca ter roubado, participado do tráfico ou usado drogas. "Lembrava o que minha mãe passou com meu pai e não quis entrar nessa vida."
Ainda jovem, foi taxista e organizador de festas de funk e reggae. "Percebemos que faltava um veículo de comunicação que falasse da cultura afro-brasileira e criamos o jornal 'AfroReggae'."
Depois da chacina de Vigário Geral, em 1993, o grupo passou a frequentar a favela. À época maior ponto do narcotráfico no Brasil, o local era o epicentro do alto escalão do Comando Vermelho. Nesse momento, o projeto ganhou outra dimensão.
"O jornal levava informação, mas as pessoas queriam formação. O grupo virou uma luz no fim do túnel para pessoas sem esperança."
Hoje, o empreendedor social é respeitado por traficantes, policiais, presidiários, empresários e artistas.
Espiritualizado, ele procura inspiração na figura de Shiva, deus indiano que busca forças na destruição para construir o novo e que representa o poder da transformação. Também cultua Ogum, Thor, Tutankamon, Jesus.
Rude, antipático, autoritário são algumas alcunhas que coleciona. Líder e exemplo para milhares de atendidos pelo projeto são outras.
"Se você procura o cara bonzinho, que fala bonitinho e é cheirosinho, não sou eu. Meto o pé na lama, não tenho medo de colocar a vida em risco para salvar outra."


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Quem é ele?

José Pereira de Oliveira Junior, 42, líder comunitário, carioca.

Organização: Grupo Cultural AfroReggae
Ano de fundação:
1993
www.afroreggae.org.br

O AfroReggae trabalha em prol da transformação social utilizando a arte, a cultura afro-brasileira e a educação como ferramentas para a criação de conexões que unam as diferenças e sirvam como alicerces para a cidadania.
Desenvolveu empiricamente método eficaz para mediação de conflitos e desenvolvimento econômico e cultural em locais marcados por exclusão, narcotráfico e violência, envolvendo governo, grandes empresas e, sobretudo, as comunidades carentes como protagonis-tas de sua realidade. Beneficia cerca de 1.300 jovens em cinco núcleos culturais no Rio de Janeiro e em Nova Iguaçu e preencheu 1.150 posições no mercado de trabalho por meio do projeto Empregabilidade, além de ter desdobramentos em Belo Horizonte, no Reino Unido e na Índia.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Moçambique, África paradisíaca

Moçambique, África paradisíaca

Moçambique: África paradisíaca fala português.
Mariana Bergel - 11/3/2010 - 19h37 (matéria publicada no Diário do Comércio)
 

É impossível não pensar em Moçambique sem abrir um belo sorriso. Além da beleza natural e da realidade de um país em reconstrução, o que mais marca a visita é a simpatia dos nativos. Frequentemente eles puxam conversa com os turistas, sempre sorrindo. E quando descobrem que se trata de um brasileiro, aí então ficam extasiados de alegria.
Localizado na costa oriental do continente africano e banhado pelo Oceano Índico, Moçambique fica acima da África do Sul, na altura de Madagascar. O destino vale a pena tanto para quem busca natureza como para quem quer conhecer uma cultura diferente.
O país tornou-se independente em 1975, foi palco de uma cruel guerra civil até 1992, e ainda se recupera dos traumas do pós-guerra. Uma das fortes marcas dessa tragédia pode ser observada, além da miséria latente, no fato de a população ser majoritariamente jovem.
Ainda que se esteja na África, a familiaridade com o idioma português é um facilitador aos visitantes, resultado da história de ocupação portuguesa. Há algumas diferenças de vocabulário, mas a compreensão é bastante tranquila. Os brancos e estrangeiros, por exemplo, são chamados de mulungos.
A chegada a Maputo, capital de Moçambique, já denota o quanto os brasileiros são amados por ali. Os moçambicanos acompanham todas as nossas novelas e consomem muita música brasileira, que vai de Djavan a Leandro e Leonardo. Em todo o país, nas ruas, há camelôs vendendo de tudo: tomates, alface, sapatos, CDs, roupas, balas etc.

Mariana Bergel
A bela praia de Tofo é tranquila durante o dia e agitada depois que sol se vai, com bares na areia.


As principais atrações de Maputo são o Mercado do Peixe e alguns restaurantes em que é possível se alimentar melhor do que fora da capital. A noite também é bastante agitada por lá. No entanto, é importante tomar cuidado ao circular pela cidade, pois os turistas são alvo fácil para os ladrões e a polícia. Para evitar qualquer tipo de suborno policial, é importante portar sempre uma cópia autenticada do passaporte.
Na hora das compras, vale a lógica da pechincha: os preços ofertados são sempre o equivalente ao dobro ou o triplo do valor real.
Tofo – Saindo de Maputo rumo ao norte do país, a pouco menos de 500 quilômetros da capital está a bela praia do Tofo, com o mar azul-esverdeado. Situada na província de Inhambane, é uma das preferidas dos turistas estrangeiros que se embrenham por terras moçambicanas.
Para chegar a esse paraíso é possível pegar um "chapa" (lotações) na rodoviária de Maputo, alugar um carro (lembre-se de que a condução é feita pela esquerda) ou um vôo direto de Maputo para a capital da província de Inhambane. Uma vez lá, as melhores opções de hospedagem estão na beira da praia.

Mariana Bergel
A bela praia de Tofo é tranquila durante o dia e agitada depois que sol se vai, com bares na areia.





O melhor a fazer em Tofo é descansar e admirar o visual estonteante e ainda pouco explorado da praia, que lembra o recorte de praias como Taipus de Fora, na Bahia. Durante o dia há um mercado com badulaques e artesanato local e, à noite, o Dino's Bar e o Fatima's Place oferecem música eletrônica e, às vezes, ao vivo. É uma boa oportunidade para quem quer conhecer a famosa "marrabenta", ritmo local mais difundido, que é hoje um símbolo cultural nacional.
Perto da praia do Tofo estão também as praias da Barra e Tofinho, esta última famosa por ter golfinhos. Para os amantes do mergulho, a região também é uma boa pedida. À mesa, não deixe de provar "matapa", o prato mais tradicional da culinária moçambicana. A receita leva basicamente folha de mandioca, leite de coco, camarão seco e amendoim.
O nascer do sol e o pôr-do-sol são espetáculos imperdíveis em Moçambique, especialmente quando se está no litoral. Fica fácil entender porque o pôr-do-sol na África é considerado um dos mais bonitos do mundo.

UMA ILHA QUASE DESERTA

Mariana Bergel
Indigo Bay, em Bazaruto, está entre os resorts mais cobiçados do mundo. Só 114 hóspedes e programas como passeio a cavalo.





Considerado um dos mais belos do continente africano, o Arquipélago de Bazaruto, em Moçambique, é um refúgio natural. Parte do conjunto de ilhas, foi transformado em Parque Natural Marinho em 1971.
Praticamente deserta – são  3 mil habitantes em 38 km de comprimento e 7 km de largura -, a Ilha de Bazaruto oferece muitos atrativos naturais. São lagoas com crocodilos (parece estranho, mas eles estão lá e ninguém sabe explicar o fenômeno), enormes dunas que desembocam no mar, golfinhos e um mar repleto de maravilhas marinhas para mergulhadores amadores e profissionais. Quem tem o privilégio de chegar de monomotor ao arquipélago observa do alto as águas cristalinas que permitem ver nitidamente os inúmeros corais espalhados pela região.
Para chegar a Bazaruto é preciso ir até Vilanculos, que fica a cerca de 700 km da capital  Maputo e é a cidade continental mais próxima do arquipélago. O mais indicado é fazer o trajeto de avião, já que as estradas moçambicanas estão em péssimo estado e a polícia local é bastante corrupta – não são raros os casos de multas aplicadas indiscriminadamente a turistas estrangeiros.
Entre as escassas opções de hospedagem nas duas únicas ilhas habitadas do arquipélago (Bazaruto e Benguerua), a mais luxuosa é o resort cinco-estrelas Indigo Bay, em Bazaruto. O lugar hospeda em chalés luxuosos e tem capacidade para apenas 114 pessoas. A gastronomia do resort oferece delícias como salada de lagosta e frango com piri-piri (pimenta tradicional moçambicana). Vale a pena o passeio a cavalo para ver o nascer do sol do topo das dunas.

RAIO X 





COMO CHEGAR
Os voos da South African Airways (tel. 11/3065-5115, www.flysaa.com) fazem escala em Johanesburgo, na África do Sul, antes de seguir para Maputo (distante 1h30 de voo).  Tarifas a partir de US$ 1.595 ida-e-volta. O vôo de ida e volta de Johanesburgo para Vilanculos custa U$ 347 pela LAM (www.lam.co.mz/pt).

ONDE DORMIR

Fatima's Place: Mao Tse Tung Ave, 1317, Maputo, tel. (258) 8244-5730. Próximo ao centro da capital, trata-se de um hostel bem cuidado e equipado. A partir de US$ 20 por pessoa.
Hotel Polana: Avenida Julius Nyerere, 1380, Maputo, tel. (258) 2149-1001, www.serenahotels.com. Elegante e considerado um dos melhores da cidade. Tem piscina, quadra de tênis, cassino, restaurante e um belo jardim. A partir de US$ 168 o casal, com café da manhã.
Hotel Tofo Mar: Bairro Josina Machel, Praia do Tofo, Inhambane, tel. (258) 2932-9043, www.hotel-tofomar.com. O hotel está localizado na praia, perto do centro da vila. Oferece passeios a cavalo e equipamento de mergulho. A partir de US$ 107 o casal.
Casa Barry: no topo da montanha ao leste da Praia do Tofo, Inhambane, tel. (258) 317670111. Tem charmosos chalés com vista para o mar. É a melhor opção na vila e tem um restaurante com ótimas opções. A partir de US$ 83 o casal.
Indigo Bay - Island Resort and Spa: Ilha de Bazaruto,  tel. (258) 2130-1618, www.indigobayresort.com. A cozinha, especializada em frutos do mar, é fabulosa, assim como a decoração. Em um local paradisíaco, oferece toda toda infra-estrutura de um ótimo resort. A partir de US$ 349 o casal, com pensão completa (todas as refeições incluídas, exceto bebidas alcoólicas).

ONDE COMER

Mimmo's: Avenida Salvador Allende com Avenida 24 de Julho, Maputo, tel. (258) 2149-4080. Tem pratos com frutos do mar, massas e grelhados. 
Restaurante Costa do Sol: Avenida Marginal, Maputo, tel. (258) 2145-0038. Amplo, em uma construção estilo art déco na frente da praia, fica a 5 km do centro e tem diversidade de pratos com frutos do mar. 
Mundo's: bairro Josina Machel, Praia do Tofo, Inhambane; e Avenida Julius Nyerere, 657, Maputo, tel. (258) 8443-04300, http://blog.mundosmaputo.com. Em ambiente simples, porém agradável, oferece um cardápio bem variado – de pizza a peixe do dia.

FAÇA AS MALAS

Na internet: www.turismomocambique.co.mz, www.portaldogoverno.gov.mz, www.mozambique.org.br, www.turismomocambique.co.mz.
Pacotes: pela Nascimento Turismo (tel. 11/3156-9944, www.nascimento.com.br) e a Designer Tours (tel. 11/2181-2900, www.designertours.com.br). 
Clima: a média é de 20ºC no sul do país e 26ºC no norte.
Visto: é preciso enviar o passaporte, formulário preenchido, xerox do passaporte, comprovante de hospedagem, xerox da vacina contra febre amarela, duas fotos 3×4 e o comprovante de pagamento de taxa de R$ 150 para a Embaixada de Moçambique em Brasília. Mais informações pelo www.mozambique.org.br.
Moeda: metical. U$S 1 vale 32.745 MZN.
Fuso: cinco horas a mais que em Brasília.
Vacina: contra febre amarela. Mais informações pelo site www.anvisa.gov.br.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Prêmio Empreendedor Social de Futuro 2009


Quem é David Hertz
35 anos  
Gastrônomo e chef de cozinha  
Solteiro 
Nasceu em Curitiba e mora em São Paulo  
Fundou a Gastromotiva que, por meio da prática, capacita jovens de baixa renda em curso profissionalizante em gastronomia para ingresso no mercado de trabalho, gera renda por meio de um bufê-escola e visa dar suporte ao desenvolvimento de negócios sociais em comunidades carentes


Tempero motivador
 

Chef de cozinha corre o mundo para descobrir no Brasil sua receita favorita: ajudar jovens a pilotar a vidas
MARIANA BERGEL
Colaboração para a Folha de S.Paulo
(matéria publicada no caderno especial Empreendedor Social 2009 em 09/12/2009)

Nascido em uma tradicional família judaica de Curitiba, David Hertz, 35, passou grande parte da juventude em busca de uma receita para sua vida.
Cresceu acompanhando o pai em sua loja de armarinhos. “Minha família é conservadora e o mais provável era que eu seguisse o mesmo rumo”, lembra.
A escola, o movimento juvenil e os eventos sociais da adolescência também eram dentro da comunidade judaica local.
Aos 18 anos, porém, foi para Israel, onde viveu num kibutz. “Tive ali a primeira visão de que havia um mundo maior e de que poderia buscar a minha história, seja lá qual fosse ela.”
O que era para ser uma viagem de um ano transformou-se em sete. Entre idas e vindas, visitou Tailândia, China, Vietnã, Índia, Inglaterra, Canadá.
Na Tailândia, fez seu primeiro curso de culinária. Na Índia, descobriu o lado ritualístico da gastronomia e, no contato com os ingredientes, um meio de sentir a essência das pessoas.
Mas foi em Toronto, onde trabalhou como entregador de comida, que pensou pela primeira vez em se tornar chef.
“Aos 25, vi que não estava sendo inteiro. Eu era conhecido como aquele que sempre falava que queria fazer uma coisa, mas nunca fazia. E isso me incomodava. Quando me aceitei, tudo começou a acontecer.”
Mudou-se para São Paulo, cursou a faculdade de gastronomia e logo tornou-se chef do recém-aberto café Santo Grão.
O sabor que buscava, entretanto, só encontrou em 2004, quando foi convidado a desenhar um projeto de cozinha dentro da favela do Jaguaré.
“Ao pisar na cozinha, vi um novo mundo, no qual descobri ser possível colocar todos os meus aprendizados na prática: superação de desafios, contatos pessoais, olhar positivo e, sobretudo, continuar minha busca pela troca de aprendizado.”
Surgiu, assim, o Cozinheiro Cidadão, que ensinava gastronomia a jovens do entorno.

Mais fermento 

Daí em diante, a receita de sua vida, por anos incerta, ficou mais que definida. Com o tempero da gastronomia, selecionou ingredientes como empreendedorismo, protagonismo juvenil, educação, inclusão.
Em um mês, conheceu a Artemísia, rede de apoio a negócios sociais que impulsionou seu projeto.
“Estavam procurando jovens com a ideia de montar um negócio social.”
Acompanhado da aprendiz Uridéia Costa, que conhecera no Cozinheiro Cidadão, decidiu, em 2005, criar um bufê-escola com formação profissional na prática, geração de renda e replicação de negócios sociais. Saía do forno a Gastromotiva.
“Pela primeira vez, após procurar tanto o que queria fazer da vida, eu estava muito em paz [com a busca]. As coisas vêm na hora em que têm de acontecer.”
Hoje, com uma equipe fixa de dez pessoas e 66 aprendizes formados em dois anos, o incansável David ri quando lembra os “32 nãos” que levou —e que continua ouvindo.
Mas não deixa de focar na autossustentabilidade e em adicionar fermento a seu impacto social.
“Adoraria inspirar outros negócios a virarem sociais. Ao ajudar as pessoas a encontrar seu caminho, eu me encontrei. Sinto-me muito empoderado.”

Colaborou CÁSSIO AOQUI, da Folha de S.Paulo
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Inovação A principal inovação está no impacto social transformador e na visão multiplicadora por meio de negócios sociais autossustentáveis, ambos com o suporte de uma gestão diferenciada e profissional dos processos. Esse conjunto, alicerçado na qualidade de atuação, faz da organização pioneira em negócios sociais gastronômicos no país
Impacto social A Gastromotiva beneficiou diretamente 66 jovens com curso profissionalizante em cozinha em dois anos. Neste ano serão formados 60 jovens e, no próximo, 120
Sustentabilidade Negócio social híbrido, a Gastromotiva depende de doações e gera receita com serviços e produtos do bufê-escola
Alcance A entidade atua na cidade de São Paulo, com enfoque em jovens de comunidades e bairros periféricos, como Paraisópolis, Vila Nova Jaguaré e Heliópolis, tendo ainda uma extensão piloto na Indonésia
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A visão de uma das beneficiárias do projeto
 
“Sou do interior do Rio Grande do Norte, fui criada pela minha avó com meus três irmãos, mas vivíamos em 14 pessoas em casa.
Minha mãe veio logo que eu nasci para São Paulo porque lá não tinha fonte de renda. Só a conheci aos 11 anos.
O meu pai eu conheci, mas ele nunca me aceitou como filha.
Eu tive uma situação financeira muito ruim. Já passei muita fome.
Hoje eu conto isso com muito orgulho porque eu superei tanta coisa pra conseguir esse meu espaço.
Aos 16 anos a minha avó ficou muito doente e minha mãe foi me buscar. Quando cheguei a São Paulo, fui morar na favela do Jaguaré.
A minha convivência com a minha mãe não foi igual a tudo aquilo que eu sempre sonhei.
No último dia de aula do ensino médio, eu pensei que naquele momento eu teria que me virar sozinha. Nesse dia eu vi um cartaz do Cozinheiro Cidadão.
O meu objetivo maior era comer lá porque se eu não comesse em casa eu não ia precisar ajudar a minha mãe.
De cara eu me apaixonei por tudo. Eu nunca tinha pensado em ter gastronomia como profissão.
Mas eu sempre gostei muito de ensinar. Foi isso que eu acho que mais me encantou na gastronomia.
No final do curso eu estava passando por uma fase de depressão, não queria sair de casa, não queria falar com ninguém.
Eu tinha acabado de brigar muito feio com a minha mãe, ela tinha me expulsado de casa. Foi no dia que, pela terceira vez, tentei me suicidar.
Aí apareceu o David com um convite da ONU e uma passagem para eu abrir a exposição sobre as oito metas do milênio em Nova York.
Só acreditei quando eu estava discursando para o Kofi Annan e para centenas de pessoas que ouviram a minha história.
Voltei decidida de que a minha vida ia ter uma transformação. Em seguida o David veio com a proposta de criar a Gastromotiva, mas ele não tinha dinheiro.
Aí eu percebi que a força de vontade, a garra que a gente tem que ter para superar as dificuldades tem que ser muito grande e isso a gente tinha.
O David foi o meu mestre em tudo. Hoje com eventos, ganho cerca de R$ 2.000 e estou fazendo faculdade de gastronomia.
Eu amo o que eu faço. Quando eu vejo os novos aprendizes com aquele brilho no olhar e penso que posso contribuir para que aquele brilho aumente cada dia mais, fico fascinada.
Onde eu moro as pessoas me chamam de estrela. Meus maiores presentes são saber que eles me têm como exemplo e ver as pessoas que entram na Gastromotiva evoluindo e mudando de vida.”

URIDÉIA ANDRADE DA COSTA, 24, coordenadora-executiva do Bufê Escola da Gastromotiva
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David Hertz é o primeiro vencedor do Prêmio Folha Empreendedor Social de Futuro 


Chef de cozinha, curitibano lidera a Associação Gastromotiva
foto: Rodrigo Paiva/Folha Imagem O ganhador do do Prêmio Empreendedor Social de Futuro 2009, David Hertz, comemora com a equipe da Gastromotiva

Da Folha de S.Paulo

Acostumado a coordenar dos bastidores diversos eventos em São Paulo, o chef David Hertz, 35, inverteu os papéis na noite de hoje e subiu ao palco no Masp para se tornar o primeiro vencedor do Prêmio Empreendedor Social de Futuro, lançado neste ano com exclusividade pela Folha.
"O prêmio é a certeza de que estamos no caminho certo, e essa trajetória toda é viável", celebrou o gastrônomo.
David é mentor e principal líder da Associação Gastromotiva, que de forma prática, capacita jovens de baixa renda em curso profissionalizante em gastronomia para ingresso no mercado de trabalho, gera renda por meio de um bufê-escola e visa dar suporte ao desenvolvimento de negócios sociais em comunidades carentes.
Em dois anos, sua organização formou 66 pessoas de bairros periféricos de São Paulo --neste ano serão formados 60 jovens e, no próximo, 120-- e acaba de replicar o modelo na Indonésia.
"Fiquei realizada, foi um sonho concretizado finalmente", festeja a sous-chef Uridéia Andrade da Costa, 24, coordenadora do Bufê Escola Gastromotiva e maior inspiração de David na criação da ONG.
Com a vitória, o gastrônomo receberá uma consultoria de gestão da sitawi e uma bolsa de estudos integral para curar o MBA Gestão e Empreendedorismo Social, do Ceats-FIA (Centro de Empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Setor da Fundação Instituto de Administração).
"Todo o patrocínio que recebermos beneficiará cada projeto dos alunos da Gastromotiva", ressaltou David.
O outro finalista do concurso foi o educador ambiental e especialista em saúde pública Daniel Cywinski, 35, cofundador da Associação Mestres da Obra, também de São Paulo, que implanta atividades culturais em canteiros de obras em São Paulo.
Com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento humano dos operários da construção civil, Daniel realiza ateliês de arte com resíduo da própria construção e atividades de fotografia, música e teatro, pelos quais, desde 2008, passaram 290 trabalhadores, que tiveram as obras expostas em São Paulo, Rio, Maceió e Barcelona.
De iniciativa exclusiva da Folha, o Prêmio Empreendedor Social de Futuro 2009 tem visa incentivar ideias inovadoras postas em prática há mais de uma no e há menos de três e tem como apoiadores o Ceats-FIA, a Fundação Schwab, o Gife (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas), o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, o UOL e a sitawi, com patrocínio da Caixa e da Nestlé.


quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Show imperdível!!!

Show da Banda Black Rio com participação de Mano Brown no dia da Consciência Negra - sexta-feira, dia 20 de novembro, 21h, na Cinemateca (Largo Senador Raul Cardoso, 207 – Vila Clementino), em SP. GRÁTIS!!!




Foto: Apu Gomes

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Especial da Folhinha sobre bichos de estimação

Este texto foi publicado no especial sobre bichos de estimação da Folhinha. Minha matéria, como dá pra ver (dã!) foi sobre peixes. Como sempre, fazer qualquer coisa com crianças é puro aprendizado.



PEIXES

AMIZADE COLORIDA

Peixes são gostosos de olhar, mas vivem no mundinho deles
MARIANA BERGEL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA (Matéria publicada na Folhinha em 31/10/09)

Ele dá pouco trabalho para cuidar e é muito gostoso de olhar. "É divertido ter peixes. São coloridos e bonitos", opina Liz Fratucci Frias, 8. Ela e a irmã, Lara, 11, têm 15 deles em um tanque em casa.
A maioria são carpas, bem grandes se comparadas aos peixinhos de aquário. "Meu pai ama os peixes porque mergulha. Quando ele viaja, sou eu que dou comida para eles", avisa Lara.
Mas não adianta ficar só olhando. Tem que observar como ele vive para poder cuidar. João Marcos Ortiz Mendes, 12, conta que quem tem um peixe precisa conhecer seus hábitos.
Uma vez, três de seus pacus morreram quando o aquário foi lavado. "Foi por causa da mudança de pH da água", explica, referindo-se ao grau de acidez.
Agora ele sabe o que querem dizer os sinais que eles dão. "Quando estão doentes, as escamas ficam diferentes, eles ficam muito parados e deixam de comer."
Marina Cartum, 7, tem um peixe beta chamado Zuzul. Mas ela diz que quer ter um aquário grande e com um monte de peixes coloridos. "É legal cuidar dele, porque eu sinto que estou cuidando de outra vida."

CUIDE DO SEU BICHO!

Fique de olho na saúde dele. Abrir muito a boca na superfície, parar de comer ou ficar menos ativo e apresentar feridas, nadadeira roída e escamas arrepiadas são sinais de doença. Com a ajuda de um adulto, limpe o aquário a cada 15 dias, trocando parte da água e retirando resíduos.

R$ 15 é o gasto por mês com comida
R$ 70 é o preço de um aquário de 10 litros, com filtro

CANTO SUBMERSO

** Aquário

Seu porte varia com o comprimento do peixe: 5 litros para cada um de até 7 cm e 70 l para maiores. Não pode receber luz natural, para evitar algas, que fazem mal ao bicho.

** Cubo

Aquário em forma de bola não é recomendado, porque o peixe gosta de ficar escondidinho no canto. E tem boca muito pequena, o que reduz o nível de oxigênio.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Black Blond



Eu total black blond. Hahahahaha!!!