segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Dalai Lama recebe brasileiros em sua casa na Índia




Eu tô ali, bem do ladinho do Dalai Lama, dando a mão pra essa figura maravilhosa e recebendo um monte de boas energias



BBC Brasil
Mariana Bergel, de Dharamsala, Índia
(matéria publicada em 22 de março de 2004)

Não é qualquer um que tem o privilégio de encontrar pessoalmente o Dalai Lama. Entre as cerca de 2 mil pessoas de todo o mundo que estiveram em Dharamsala, norte da Índia, para 15 dias de ensinamentos com ele, um grupo de 12 brasileiros teve esse "carma", como definiriam os budistas.
"Foi um carma coletivo", conclui a goiana Beatriz Bispo, de 44 anos, que mora em Dharamsala há 11 anos e nunca teve a oportunidade de ver de perto o líder espiritual budista.
O grupo foi recebido na residência do Dalai Lama na última quarta-feira e recebeu sua benção.
O 14º Dalai Lama passou a ser uma personalidade mundialmente reconhecida após receber o Prêmio Nobel da Paz, em 1989, em reconhecimento à sua campanha pacifista para acabar com a dominação chinesa no Tibet.
Lhamo Thondup, seu nome verdadeiro, foi reconhecido como a 14ª reencarnação do Dalai Lama, o Buda da Compaixão, quando tinha apenas dois anos de idade e assumiu a liderança política do Tibet aos 15 anos.
Em 1959 o líder político e espiritual do povo tibetano escapou do regime chinês no Tibet rumo a Dharamsala, acompanhado de milhares de tibetanos, onde criou a sede do governo no exílio.
Ensinamentos
Desde que começaram os ensinamentos, no último dia 7 de março, uma mistura do Ocidente e do Oriente tomou conta das ruas da cidade, que fica no topo das montanhas do Himalaia indiano. O colorido ficou por conta da cor vinho das vestimentas de monges e dos sáris (roupas típicas indianas).
Os ensinamentos acontecem uma vez por ano e desta vez reuniram quase 10 mil tibetanos. Diferentemente de quando são dados no exterior, em Dharamsala os ensinamentos são gratuitos. Neles, o Dalai Lama faz a leitura de trechos de livros e faz comentários sobre o tema.
O principal livro é um guia prático para uma transformação interior que introduz às práticas espirituais comuns às quatro linhagens budistas tibetanas. O Dalai Lama fala em tibetano e os estrangeiros acompanham a tradução via rádio em inglês, chinês, italiano, francês e russo.

O Dalai Lama jovem, nos anos 1930

O Centro de Meditação Tushita, que oferece cursos de meditação e de filosofia budista para ocidentais, faz uma revisão diária sobre o que foi falado no dia anterior e abre espaço para perguntas e debates.
'Para os outros'
O carioca Rodrigo Silva, de 31 anos, faz um curso de tradução de tibetano em Dharamsala há um ano e quatro meses. Com uma vida que foi desde o envolvimento com drogas e o estudo de filosofia da linguagem até um trabalho social com prostituição infantil na Tailândia, Rodrigo entrou em contato direto com o budismo há quatro anos.
"A minha vida tomou uma direção, eu não tinha nenhuma meta antes", conta o rapaz que, além de português e tibetano, fala também espanhol, inglês e tailandês.
"O budismo tibetano mantém a linhagem viva pela transmissão oral, aí está a importância dos ensinamentos. Além disso, eles trazem grandes benefícios para quem está lá escutando".
Como muitas outras pessoas que vieram escutar os ensinamentos, Rodrigo não adota o budismo como uma religião, mas como uma filosofia de vida.
Entre as centenas de monges espalhados pela cidade alguns rostos de jovens ocidentais se destacam, como é o caso de Gabriel Jaeger, de 22 anos.
Nascido em Porto Alegre, ele pede para ser identificado pelo nome espiritual, Ngawang Tempel. "É como se o Gabriel tivesse morrido e cedido lugar a uma nova pessoa", justifica, sempre sorrindo. Ngawang se interessou pelo budismo aos 15 anos, quando começou a freqüentar um centro budista.
"Desde o meu primeiro contato foi como se eu tivesse passado muito tempo perdido e estivesse chegando em casa."
Apesar de estar seguro quanto ao rumo que sua vida está tomando, ele diz que o fato de não poder mais ter namoradas ainda é uma fraqueza, mas acredita que isso faz parte do seu crescimento espiritual.
"Eu tenho um voto de não causar nenhum problema para nenhum ser e os meus relacionamentos sempre acabaram em sofrimento. Quando você começa a viver para os outros é diferente, não surge o sentimento de apego. Tenho a sensação de que eu posso ajudar mais as pessoas com uma postura monástica".
Há um mês e meio na Índia, Ngawang mora em um monastério a duas horas de Dharamsala e ficou contente com a oportunidade de escutar os ensinamentos do Dalai Lama. "É como se a minha mente estivesse unida à dele naquele momento."
'Viagem eterna'
A carioca Monica Ribeiro Neves, de 55 anos, veio para a Índia especialmente para escutar as palavras do Dalai Lama e para um curso de psicologia transpessoal.
"Estar aqui me dá uma sensação de calma e bem-estar profundo. O budismo enquanto filosofia traz uma possibilidade única do ser humano compreender o seu propósito; é um caminho de libertação no sentido de que as coisas não são só visíveis, são também invisíveis".
Apesar de não se considerar budista, Monica não considera a sua viagem à India turística, mas "uma profunda viagem interna".
"Ninguém sai de um encontro como esse (com o Dalai Lama) do mesmo jeito que chegou. É maravilhoso ver pessoas de diferentes raças e de diferentes níveis sócio-econômicos unidos pelo mesmo objetivo."

Um comentário:

  1. Gostei muito da sua materia e muito mais ver que vc esta perto da sua santidade o Dalai lama.Eu comecei a gostar do budismo depois de ter lido o livro A Arte da felicidade.Mariana meu nome e Fabio ivan prada, moro em uma cidadezinha no interior de SC tenho 36 anos e gostaria de saber, se for possivel,como eu tenho um sonho maravilhoso em conhecer o DALAI LAMA se e possivel morar em Dharansala proximo a residencia do DALAI LAMA.Ficarei muito grato com a sua resposta.Mariana eu estou voltando ao meu trabalho e agradeço muito pela sua genorosidade de postar esta maravilha materia. UM grande abraço!

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